Para reescrever sua carreira (3)
7- Problemas de regência: Há quem defenda a mistura de regências porque o resultado é sintético. Mas o texto informativo deve evitar usos polêmicos. Alguns casos a observar:
Entrar em, sair de. Não: O Senador entrou e saiu do Congresso rapidamente. Sim: O senador entrou no Congresso e saiu rapidamente.
Olhar, simpatizar. Não: Olhei e simpatizei com Raimunda. “Olhar” é verbo transitivo direto, rejeita preposição. “Simpatizar” é transitivo indireto, exige preposição (com) Sim: Olhei Raimunda e simpatizei com ela.
Assistir, gostar: Não: Assisti e gostei do jogo. Assistir ao jogo. Gostar do jogo. Sim: Assisti ao jogo e gostei dele. Melhor: Gostei do jogo. (Se gostou é porque viu.).
8 – Dificuldade com “haver”: Costuma-se confundir a concordância de “existir” com a de “haver”. “Haver” é impessoal e fica na 3ª pessoa quando significa “existir”: há seguros, há bons motivos. “Haver” impessoal: Com sentido de existir, ocorrer, decorrer, fazer (tempo), haver é usado como impessoal e na 3ª pessoa do singular. Também fica na 3ª pessoa do singular o auxiliar do haver impessoal.
Há bons redatores na editora.
Com a queda das bolsas, houve pessoas que se mataram.
É preciso que haja roupas para todos.
Se o ponto de referência é uma data passada, e não hoje, deve-se usar o pretérito imperfeito (havia) e não o presente (há). A troca por “fazer” torna clara a necessidade de correspondência de tempos passados: Lenise estava naquela escola fazia (não “faz”) dez meses.
9 – Mau uso do “fazer” para indicar tempo: “Fazer” é pessoal em seu sentido próprio, com sujeito e complementos. Ela fez tudo. Eles fazem anos no mesmo dia.
É impessoal quando:
a) Expressa tempo decorrido (forma correta entre parênteses):
“Fazem dez anos que a conheci”. (Faz dez anos)
“Vão fazer três anos que o governo ...” (Vai fazer)
Quando se expressa tempo decorrido, usa-se “fazer” sem sujeito, na 3ª pessoa do singular. O auxiliar de “fazer” também fica no singular.
b) Expressa fenômeno climático: Faz calor. Fazia muito frio.
10 – Dúvidas de ortografia: Quando se fala em norma culta a que o texto deve ser subordinado, fala-se em concordância, regência, colocação pronominal e ortografia. Estará desqualificado um texto em que aparecem coisas como
“A minha família é vocês”;
A porta está meia aberta”;
“Jamais farei-lhe mal.”
“Duas miligramas de solução...“
mussarela, maizena e outras barbaridades.
Acesse também:
Para reescrever sua carreira (1)
Para reescrever sua carreira (2)
Paulo Roberto Ribeiro – revisor de textos