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Invasões Biológicas

Pesquisador da UFLA participa de estudo global sobre cenários de invasões biológicas

Escrito por Greicielle Santos | Publicado: Quarta, 15 Julho 2020 05:01 | Última Atualização: Quarta, 15 Julho 2020 11:30

Estudo traz alerta sobre grande perda de biodiversidade no futuro em todo o mundo

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Cobra arborícola marrom (Boiga irregularis)

O professor do Departamento de Biologia da Universidade Federal de Lavras (DBI/UFLA) Rafael Dudeque Zenni é o único brasileiro a participar de estudo global sobre cenários de invasões biológicas publicado na revista científica “Global Change Biology”. A pesquisa é liderada pelos pesquisadores Franz Essl e Bernd Lenzner, ambos da Universidade de Viena. 

O estudo apresenta dados sobre o aumento de 20 a 30 por cento de espécies exóticas invasoras, e traz alerta sobre a grande perda de biodiversidade no futuro em todo o mundo. O pesquisador da UFLA explica que “nós conhecemos bem o histórico de introdução de espécies exóticas e os impactos que essas espécies invasoras causam ao meio ambiente, à saúde e à economia. A dengue e o coronavírus são excelentes exemplos de invasões biológicas que mudam o curso da vida humana. Porém, temos um conhecimento limitado sobre os impactos futuros das invasões biológicas, uma vez que modelos matemáticos e computacionais ainda não são capazes de capturar toda a complexidade dos processos de invasão”. 

“Nossa conclusão é que, nas próximas décadas, os danos causados por espécies exóticas invasoras aumentarão significativamente se os governos não adotarem medidas eficazes de prevenção e controle de invasões biológicas”, acrescenta. 

Professor Rafael Dudeque Zenni - Departamento de Biologia

Em uma participação, em 2019, no quadro Minuto do Campus/Núcleo de Divulgação Científica da UFLA, o professor Rafael já havia abordado a temática de espécies exóticas invasoras. Confira a matéria na íntegra: http://bit.ly/2Pj4apF

Mais sobre o estudo

A pandemia causada pelo novo coronavírus reacende alerta sobre a invasão de espécies exóticas em nossos ecossistemas. O estudo, que tem a participação de pesquisadores de todo o mundo, traz, justamente, este questionamento: “quantas espécies exóticas invasoras nossos ecossistemas podem tolerar?

Os pesquisadores explicam que “as atividades humanas introduzem de forma acidental e intencional cada vez mais espécies em regiões do mundo onde elas não ocorrem naturalmente, por exemplo, via transporte de commodities ou turismo. Algumas dessas espécies exóticas trazem consequências negativas para a biodiversidade e o bem-estar humano, por exemplo, deslocando espécies nativas ou transmitindo doenças. Contudo, embora tenhamos informações boas sobre o histórico de disseminação de espécies exóticas, ainda conhecemos pouco sobre as suas tendências futuras”.

A imprensa da Universidade de Viena conversou com os pesquisadores Franz Essl e Bernd Lenzner, que lideram o estudo, e eles falaram sobre a perda dramática de biodiversidade e também sobre como as mudanças climáticas e o comércio determinam o aumento de espécies exóticas; além disso, abordam a importância de tomadas de decisões por gestores políticos. Confira:

“Até o momento não é possível gerar previsões precisas baseadas em modelos computacionais sobre como a disseminação e o impacto de espécies exóticas mudará no futuro. Portanto, avaliações de especialistas via levantamentos padronizados são uma ferramenta importante para obtermos um entendimento melhor das causas e consequências da disseminação e impacto de espécies exóticas para as próximas décadas”, avalia Franz Essl, um dos líderes do estudo. 

O estudo acrescenta que os humanos são o principal agente da disseminação futura de espécies exóticas, foi possível identificar três principais razões para isso: primariamente, o aumento no transporte global de bens, seguido pelas mudanças climáticas e a extensão do crescimento econômico. O estudo também mostra que a disseminação de espécies exóticas pode ser significativamente reduzida por contramedidas ambiciosas.

Os pesquisadores investigaram a influência do aumento de espécies exóticas em diferentes regiões do mundo. Por exemplo, turismo é um dos principais causadores de invasões biológicas em regiões tropicais e subtropicais, enquanto mudanças climáticas favorecerão a sobrevivência e o estabelecimento de espécies exóticas no futuro, especialmente em regiões polares e temperadas.

Os cientistas acreditam que tomadores de decisão políticos têm a responsabilidade de agir: “nosso estudo mostra as possibilidades que nós temos atualmente para reduzir os impactos futuros de espécies exóticas”, diz Bernd Lenzner e acrescenta: “os resultados formam uma base científica importante para o futuro desenvolvimento de acordos internacionais, tais como as Metas para o Desenvolvimento Sustentável ou a Convenção sobre Diversidade Biológica. Dessa forma, nós seremos capazes de reduzir os impactos negativos de espécies exóticas na biodiversidade global e na sociedade”.

Saiba mais sobre algumas espécies exóticas:

Capim-gordura (Melinis minutiflora)

Capim-gordura (Melinis minutiflora) introduzido acidentalmente no Brasil no século XVI ou XIV como contaminante. É uma das primeiras espécies exóticas invasoras conhecidas para o Brasil.

         

 Cobra arborícola marrom (Boiga irregularis)

A cobra arborícola marrom (Boiga irregularis) foi introduzida acidentalmente via transporte de bens a algumas ilhas no mundo. B. irregularis ameaça espécies nativas por predação e é responsável por diversas extinções locais de espécies nos locais onde invade.

 

Aguapé (Eichhornia crassipes)

Invasão de Aguapé (Eichhornia crassipes) no reservatório Hartbeespoort na África do Sul. Introduzido como planta ornamental o aguapé se tornou invasor em todos os continentes com exceção da Antártica. Quando presente, E. crassipes altera o fluxo hídrico, a composição de espécies e cria habitat para mosquitos que são os principais vetores de doenças, levando a impactos ecológicos e econômicos severos e potencialmente a saúde humana.

 

Texto: Greicielle dos Santos - bolsista - Comunicação/UFLA

Com informações da Universidade de Viena

Tradução: Professor Rafael Dudeque Zenni

Imagens: Arquivo pessoal e Olga Ernst, distributed under CC BY-SA 4.0 license through Wikimedia 

 
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