"Mago da Cachaça" visita experimento da UFLA
A cachaça praticamente surgiu junto com o nascimento do Brasil, acompanhou a economia ao longo dos séculos e faz parte da cultura brasileira. Quem nunca cantou marchinhas de carnaval e modas de viola caipira com repertório em referência à branquinha? A bebida brasileira deu um grande salto de qualidade nas últimas décadas e se equipara aos melhores destilados no mundo. Na evolução técnica da produção da aguardente surgiu um profissional especializado na bebida: o master blender - quem sabe exatamente as proporções certas das misturas e armazenamento correto da cachaça de excelente qualidade. Um dos mais premiados no mundo inteiro, Armando del Bianco, reconhecido como "Mago da Cachaça", visitou experimentos com análise de qualidade de cachaça e extração de óleos essenciais desenvolvidos na Universidade Federal de Lavras (UFLA), na terça-feira (26/2).
O encontro entre pesquisadores e o master blender ocorreu nos laboratórios do Departamento de Química (DQI) da Universidade, sob coordenação da professora Maria das Graças Cardoso (DQI). A visita faz parte de um acordo de troca de conhecimentos entre pesquisadores da UFLA e produtores de cachaça. O intercâmbio de know-how também vai facilitar a pesquisa em um alambique reconhecido internacionalmente, com o intuito dos estudiosos da cachaça conhecerem boas práticas nas áreas do açúcar, da fermentação e da destilação da bebida.
Na hora de produzir cachaça, vários processos são levados em conta. A madeira onde é envelhecida, por exemplo, pode acrescentar sabor diferenciado à bebida. O aroma é outra ferramenta essencial para conquistar o reconhecimento do consumidor. "Trabalho muito com aromas, então quis conhecer como os óleos essenciais são extraídos. Chamou a minha atenção a extração de óleo de laranja, alecrim, capim-cidreira e eucalipto feita na UFLA", informou.
Segundo a professora Maria das Graças, produtores da cachaça sofisticada buscam inovações em misturas de aguardentes envelhecidas em diversas madeiras, como carvalho e jequitibá, castanheira e amendoim. "Atualmente, a adição de produtos naturais e extratos de plantas de óleos essenciais também são importantes nas preparações de coquetéis e licores", informa.
Armando del Bianco parabenizou a pesquisa desenvolvida na UFLA. "A proximidade do produtor com a universidade agrega muito na qualidade e na produção do setor de bebidas. Essa troca permite que ganhemos tempo, porque a pesquisa que antes era feita por cada produtor está ficando, cada vez mais, a cargo da universidade", elogiou.
Maria das Graças Cardoso também ressaltou a relevância dos estudos com cachaça para a sociedade. "Pesquisa só é válida quando chega ao produtor e o seu resultado é lançado na sociedade. Fazemos o nosso papel de pesquisa e extensão, atrelado ao ensino, a partir do momento que os produtores tem consciência do que é feito na universidade com a extração de óleo para aplicar em produtos alimentícios", frisou.
Reportagem: Pollyanna Dias, jornalista- bolsista Dcom/Fapemig
Edição do Vídeo: Luiz Felipe Souza- bolsista Dcom/UFLA
Esse conteúdo de popularização da ciência foi produzido com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais - Fapemig.