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Meio ambiente

Pesquisa pioneira da UFLA analisa impactos de resíduos da indústria de alumínio em seres vivos

Escrito por Samara Avelar | Publicado: Sexta, 21 Dezembro 2018 09:45 | Última Atualização: Quinta, 23 Setembro 2021 14:24
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A pesquisadora da UFLA Larissa Fonseca Andrade Vieira estuda o SPL há 15 anos

Os impactos causados pelo descarte inadequado de resíduos sólidos têm sido uma grande preocupação ambiental nas últimas décadas. Na Universidade Federal de Lavras (UFLA), uma pesquisa desenvolvida no Departamento de Biologia (DBI) é pioneira nos estudos sobre os efeitos biológicos provocados pelo SPL (Spent Pot Lining), um resíduo sólido da indústria de alumínio comprovadamente tóxico.

De acordo com a coordenadora do projeto, a professora Larissa Fonseca Andrade Vieira, que estuda o SPL há 15 anos, estima-se que cerca de 1 milhão de toneladas de SPL são produzidas anualmente no mundo. Seu descarte irregular, a céu aberto, pode provocar graves danos ao meio ambiente e aos seres vivos. “Quando o SPL é descartado ao ar livre, a água da chuva faz com que o elemento tóxico se misture ao solo, em um processo que chamamos de lixiviação. Em nossas análises, identificamos nesse lixiviado traços de metais pesados, como ferro, cromo, zinco, manganês e alumínio, além da presença de compostos derivados do fluoreto, que contaminam o solo e os lençóis freáticos. Todos esses elementos apresentaram-se no lixiviado em concentrações acima da permitida pelas legislações ambientais do Brasil”, explica a pesquisadora.

O que é o SPL?

As indústrias de alumínio em todo o mundo geram um resíduo tóxico ao demolir as cubas utilizadas para reduzir o elemento alumina da bauxita por meio de um processo de eletrólise. Este é o resíduo do Revestimento Gasto das Cubas (RGC), que é mais conhecido pela sua sigla em inglês, SPL, de Spent Pot Liner.

No início da década de 2000, a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) classificou o resíduo como tóxico. “A partir daí, órgãos de fiscalização ambiental passaram a se preocupar com a liberação desse poluente pelas indústrias de alumínio em todo o mundo. Hoje, no Brasil, o processo de descarte é regulamentado: o resíduo SPL é colocado em depósitos fechados e controlados para evitar a contaminação do meio ambiente. Mas, há cinco anos, ainda era possível encontrar descartes do resíduo a céu aberto no Brasil”, ressalta Larissa. A estimativa é que 10 toneladas do resíduo são descartadas anualmente no País.

Impactos em organismos vivos

Para analisar os efeitos do lixiviado de SPL em seres vivos, o grupo de pesquisa realizou testes com a alface, como modelo vegetal, e com o peixe ornamental zebrafish, como modelo animal. O trabalho multidisciplinar tem contado com parcerias junto aos departamentos de Ciência dos Solos (DCS) e de Química (DQI) da UFLA, além da Universidade Federal do Espírito Santos (UFES). “Em todos os testes realizados, o lixiviado do SPL causou, de alguma forma, alterações e danos na molécula de DNA. Utilizando doses baixas do composto, identificamos a fragmentação do DNA, que pode ser herdada entre as gerações celulares e comprometer as células. Já quando colocamos o peixe sob uma dose alta do lixiviado de SPL, ele não sobrevive”, comenta Larissa.

As anormalidades no ciclo celular também foram identificadas em testes realizados com o sangue humano em contato com o resíduo. “O que temos é um alto teor de toxicidade do SPL quando misturado à água capaz de fragmentar o DNA em seres vivos. Por isso, precisamos que haja incentivos e a fiscalização para que esse resíduo seja depositado em locais fechados e controlados, e, ainda, buscar alternativas seguras para a reciclagem do grande volume de SPL que é produzido”, ressalta.

A pesquisa pretende, ainda, testar o potencial tóxico do SPL no ambiente aquático, avaliando de que maneira o resíduo poderá afetar o equilíbrio do habitat dos seres que vivem na água.

Reportagem e Imagens: Samara Avelar

Edição dos Vídeos: Luís Felipe Souza Santos  e Rafael de Paiva -  bolsista e estágiário Dcom/UFLA  

Esse conteúdo de popularização da ciência foi produzido com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais - Fapemig.

 
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