Chá de hibisco: Pesquisa da UFLA avalia o efeito emagrecedor da bebida
Na hora de escolher um chá aliado na perda de peso, o que vem à sua mente? Flor de hibisco certamente estará no topo das opções. Mas o que dá esse poder à bebida? Com testes de compostos químicos extraídos da planta, pesquisa do Departamento de Química (DQI) da Universidade Federal de Lavras (UFLA) estuda o chá de hibisco como auxiliar no emagrecimento.
Em laboratório, as principais classes de substâncias químicas presentes em três extratos do chá de hibisco foram extraídas e analisadas: os ácidos orgânicos e as catequinas (compostos naturais produzidos por diversas espécies de plantas), ambos com caráter anti-oxidante. Significa que os componentes neutralizam a ação dos radicais livres, moléculas que, se presentes em excesso no organismo, provocam o envelhecimento das células e desencadeiam doenças. “Estudos existentes já comprovaram que essas substâncias são anti-inflamatórias (combate a inflamação das células, permitindo que elas voltem a exercer totalmente suas funções). Também diminui a absorção e acúmulo de gordura, uma vez que atua na síntese dos lipídios”, explica a estudante do DQI, Francielle Cristina Teixeira.
Os pesquisadores ainda testaram o funcionamento do chá de hibisco sobre quatro enzimas que atuam na digestão. Análises in vitro demonstraram que o chá impede parte da absorção do açúcar (carboidrato) e da gordura dos alimentos. “Moléculas presentes no chá de hibisco diminuem a absorção de açúcar no sangue após a ingestão. E, supostamente, pode auxiliar o emagrecimento por diminuir a disponibilidade calórica”, esclarece o pesquisador e estudante do curso de Medicina da UFLA, Caio Eduardo de Carvalho.
O estudo simulou o ambiente ácido do estômago. “Muitas substâncias, ao passar pelo estômago, perdem atividade. Porém, as moléculas do hibisco continuam ativas”, frisa a professora do DQI, Luciana Lopes Silva Pereira.
Embora os resultados apontem que o chá de hibisco seja um aliado da redução da gordura abdominal, ainda faltam testes in vivo. “Não é possível afirmar que o resultado in vitro será mantido no organismo vivo. Por meio de programas de computador, simulamos como moléculas encontradas interagem. Testes em humanos são necessários para comprovar os possíveis efeitos emagrecedores. Se o hibisco inibir a enzima alfa-amilase pode ser o primeiro passo para criação de medicamento contra obesidade a base do chá”, contou o professor do DQI, Sérgio Scherrer Thomasi.
Cuidado!
O professor do Departamento de Ciências da Saúde (DSA) e especialista em obesidade e diabetes, Chrystian Araújo Pereira, alerta para os riscos de se tomar chás sem orientação médica. "Falta padronização dos chás no mercado, que oferta tipos variados de plantas e até a época em que é colhido impacta no produto. Tanto a forma como é preparado quanto o uso indiscriminado de plantas medicinais podem ocasionar ou agravar problemas de saúde", informa.
Reportagem: Pollyanna Dias, jornalista- bolsista Dcom/Fapemig
Edição dos Vídeos: Luís Felipe Souza Santos - bolsista Dcom/UFLA
Esse conteúdo de popularização da ciência foi produzido com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais - Fapemig.