Ração com barata-de-madagascar para alimentação de peixes é tema de pesquisa da UFLA
Você já ouviu falar em ração de insetos? Pode parecer estranho, mas o uso de insetos vivos ou mortos como fonte de proteínas para outros animais, como peixes, aves e até mamíferos tem se tornado muito comum. Na Universidade Federal de Lavras (UFLA) diversas pesquisas utilizando ração de insetos têm sido produzidas.
Um dos projetos já desenvolvidos foi a utilização de barata-de-madagascar em rações de tilápias, da mestranda Izabella Luiza Gomes Almeida, sob a orientação da professora Priscila Vieira Rosa, da área de produção e nutrição de peixes, do Departamento de Zootecnia (DZO).
A barata-de-madagascar (Gromphardorhina portentosa) é um inseto classificado como comestível, sendo uma das maiores espécies de barata. Seu tamanho pode atingir até 9 cm quando adulta, e ela pode viver até três anos em cativeiro. Isabela utilizou a farinha da barata para alimentar peixes da espécie tilápia-do-nilo (Oreochromis niloticus). “Os peixes necessitam de dietas com alto valor proteico, e um dos principais ingredientes utilizados, hoje, para alcançar esses valores é a farinha de peixe, que possui um alto custo e é uma prática não sustentável”, explica.
Os estudos que utilizam a farinha de insetos na piscicultura começaram há pouco mais de um ano, em uma parceria com o professor Diego Vicente da Costa, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), câmpus de Montes Claros. Dentro dessa parceria, já foram conduzidos quatro experimentos. Além da substituição de fontes proteicas da ração pela farinha de inseto, também é avaliada a farinha de inseto como um nutraceutico, observando se ela afeta o sistema imunológico e se pode reduzir o estresse oxidativo nos peixes.
As farinhas de insetos produzidas pela UFMG são enviadas à UFLA, onde são formuladas as dietas pelas pesquisadoras. "Nessa dieta substituímos o farelo de soja pela farinha de inseto", diz Izabella. A farinha fica armazenada em freezers para que não perca suas qualidades e, durante duas vezes ao dia, os peixes selecionados são alimentados com rações experimentais contendo 0,15% ou 30% de farinha de barata-de-madagascar. O objetivo do estudo é “avaliar o efeito na produção, na qualidade e na quantidade de ovos e espermatozoides e observar, também, por exemplo, se a quitina pode ter efeito no estresse oxidativo, afetando ou não a qualidade do óvulo e do espermatozoide na tilápia do nilo.”
É crescente a busca de ingredientes alternativos e sustentáveis para a alimentação de peixes; porém, ainda são poucos os estudos publicados. Os insetos possuem um ciclo de vida curto, e a produção é de baixo impacto ambiental, o que tem aumentado o interesse comercial para a criação. Além da farinha de barata-de-madagascar, a professora Priscila lembra que estudos utilizando outros insetos, como o tenébrio-gigante (Zophobasmorio), tenébrio- comum (Tenébrio molitor) e grilo também já foram realizados.
Reportagem: Karina Mascarenhas, jornalista - bolsista Dcom/Fapemig
Edição do Vídeo: Rafael de Paiva - estagiário Dcom/UFLA