UFLA recebe valiosa coleção de livros de Botânica do consulado da Espanha
A Universidade Federal de Lavras (UFLA) recebeu, nesta sexta-feira (24), a doação da coleção de livros de Botânica “Flora de la real Expedition Botanica del Nuevo Reino de Granada”, entregue pelo cônsul-geral da Espanha para os estados de Minas Gerais (MG), Rio de Janeiro (RJ) e Espírito Santo (ES), Dom Luiz Prados Covarrubias.
A obra doada é resultado de uma monumental investigação florística e iconográfica que durou 30 anos no território do então chamado Vice-reino da nova Granada, território hoje correspondente à Colômbia e ao Equador, e contém mais de 7.000 desenhos de impressionante qualidade artística, científica e grande interesse histórico.
“O prestígio e o reconhecimento da excelência acadêmica da UFLA foram fundamentais para esta oferta que agora realizamos. Estou certo de que esse é o começo de um interessante conjunto de atividades que poderão ser desenvolvidas entre a UFLA e a Espanha”, ressalta Dom Luiz.
Para o diretor de Relações Internacionais da Universidade, professor Antonio Chalfun Junior, a escolha da Instituição para receber essa importante coletânea demonstra que a UFLA está no caminho certo, além de demonstrar visibilidade nacional e internacional. “Receber essas obras é um reconhecimento valioso, pois indica que trilhamos um excelente caminho durante esses 113 anos de Universidade, e temos condições plenas e claras de continuar trabalhando com foco no ensino, pesquisa e extensão”, destaca.
Estiveram presentes no evento as seguintes autoridades: o reitor da UFLA em exercício, professor Valter Carvalho de Andrade Junior, a arquiteta e representante do Instituto Brasileiro de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), Isabelle Cury, o ex-diretor do Museu Bi Moreira, professor Ângelo Alberto de Moura Delphim, o prefeito Municipal de Caxambu, Diogo Curi Hauegen, o secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico de Caxambu, Amaro Gadben, o secretário de Esporte, Lazer, Turismo e Cultura de Lavras, Rodrigo Lucas Pacheco.
O evento também contou com a palestra “Plantas, Brasil e Espanha: possibilidades”, ministrada pelo representante do International Council on Monuments and Sites (Icomos), o arquiteto e paisagista Carlos Fernando de Moura Delphim.
Mais sobre a obra
A obra “Flora de la Real Expedición Botanica del Nuevo Reino de Granada”, de José Celestino Mutis, é resultado de uma monumental investigação florística e iconográfica realizada por meio da “Expedição Botânica do Novo reino de Granada”, empresa científica dirigida pelo próprio Mutis, botânico e matemático espanhol que está entre os mais destacados cientistas naturalistas. Este projeto foi impulsionado pela coroa espanhola.
A expedição dirigida por Mutis durou 30 anos, entre 1783 a 1813, e foi responsável por herborizar e classificar cerca de 10% da flora do território do vice-Reino da Nova Granada, hoje correspondente à Colômbia e ao Equador. No total, por volta de 3.500 espécies diferentes de plantas e 7.000 animais foram classificados e retratados. Segundo o pesquisador do Real Jardim Botânico e coordenador científico do Projeto Flora, de Mutis, José Luis Fernàndez Alonso, a flora tropical representada na obra é uma das mais ricas do mundo. Trata-se de uma obra científica de grande importância, cujos volumes apresentam-se organizados por famílias botânicas e com lâminas de plantas belíssimas, com grande fidelidade aos detalhes.
Com o objetivo de desenhar o maior número possível de plantas do Vice-Reino, uma equipe de artistas, principalmente locais, produziu uma das coleções de desenho botânico mais importantes, sofisticadas, luxuosas e ricas que se conhece na história. Sob a supervisão de Mutis, quase meia centena de artistas fixos participaram da obra, e cada um deles estava especializado em uma área, como estrutura floral, iluminação ou caligrafia. Para conseguir os pigmentos mais adequados, foram utilizadas propriedades de tingimentos dos próprios vegetais, minerais e animais locais.
Como consequência da realização desta expedição e obra, pode-se citar o desenvolvimento da pintura na Colômbia, com a fundação da primeira Escola de Arte, orientada e dirigida por Don José Celestino Mutis, para formação desse seleto grupo de jovens pintores, que praticaram, durante a expedição, a observação da natureza e a aplicação dessa experiência aos conhecimentos artísticos que foram sendo adquiridos. Também pode ser citada a fundação do observatório astronômico de Santa Fé (Bogotá), um dos primeiros da América Meridional.