Reitor da UFLA esteve em reunião com vice-governador de MG - situação financeira da Fapemig na pauta
Na sexta-feira (15/3), o reitor da Universidade Federal de Lavras (UFLA), professor José Roberto Soares Scolforo, esteve em reunião com o vice-governador de Minas Gerais, Paulo Eduardo Rocha Brant. A motivação foi a busca de uma solução para a situação financeira da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) e a defesa do investimento em ciência e tecnologia no Estado. Scolforo estava acompanhado do deputado estadual Antônio Carlos Arantes e do diretor de Planejamento, Gestão e Finanças da Fapemig, Thiago Bernardo Borges.
De acordo com o reitor, o encontro foi produtivo e o vice-governador mostrou-se receptivo e solidário às demandas, que impactam todas a instituições de Minas Gerais envolvidas com a produção científica. “Falamos muito sobre a importância da geração do conhecimento e da aplicação desse conhecimento no desenvolvimento de produtos inovadores. Discutimos o impacto que o corte de bolsas de pesquisa e a suspensão de editais de fomento projetam sobre a capacidade de inovação do Estado”, diz.
Scolforo apresentou exemplos de pesquisas da UFLA que mudaram os rumos do País, como a desenvolvida pelo professor Alfredo Scheid Lopes, que permitiu a correção dos solos do Cerrado, levando ao aproveitamento agrícola produtivo e a resultados econômicos importantes. Citando também o desenvolvimento do SiCAR pelo Laboratório de Estudos e Manejo Florestal (Lemaf/UFLA) - que constitui hoje uma enorme base de planejamento para o estado de Minas Gerais e para o Brasil, com mais de 5 milhões de propriedades rurais cadastradas - Scolforo reforçou que esses são apenas alguns exemplos de uma única universidade. Outras tantas contribuições vêm das universidades federais e estaduais, dos institutos federais e das instituições de pesquisa que impulsionam a ciência, a tecnologia e ia novação no Estado. “Se hoje Minas Gerais tem uma crise financeira, com certeza ela seria muito mais grave se não fosse pelo que se produziu ao longo dos anos em ciência e tecnologia. Por isso, decisões do presente têm muito impacto no futuro e os danos podem ser irreversíveis. Daí a necessidade de priorizarmos essa área, que é estratégica, no presente e para as próximas gerações.”
Em fevereiro, a Fapemig anunciou a interrupção do programa de pagamento de bolsas de iniciação científica e iniciação científica júnior, além de comunicar que não lancará novos editais para financiamento de pesquisas, afirmando também que manteria o pagamento das bolsas de mestrado e doutorado já em curso, sem, porém, autorizar o pagamento de novas bolsas. A decisão deve-se a uma crise financeira gerada pelo não recebimento do repasse constitucional de recursos por parte do Governo do Estado. “Constitucionalmente, o estabelecido é que a Fapemig receba 1% dos recursos do ICMS do Estado - cerca de R$ 300 milhões por ano. Isso já não vem ocorrendo nos últimos anos, e o que está previsto para 2019 é que receba apenas R$ 80 milhões, sendo que 40% desse valor ainda deve ser repassado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais (Sedectes)”, explica Scolforo.
A UFLA, como uma das instituições que testemunha diretamente a relevância do papel da Fapemig no Estado, está buscando formas de sensibilizar os gestores públicos, já que o impacto da medida será prejudicial ao desenvolvimento regional e nacional. “Ponderamos com o vice-governador que a pesquisa pode inclusive ajudar diretamente o Estado a resolver seus desafios, e é possível fazer essa proposição aos pesquisadores por meio dos editais”.
O deputado estadual Antônio Abrantes, da região de São Sebastião do Paraíso, onde a UFLA implantará um novo câmpus, também sensibilizado com o tema, comprometeu-se a criar um frente na Assembleia Legislativa para defesa da Ciência, Tecnologia e Inovação como prioridades do governo.
Parque Tecnológico
Durante a reunião, Scolforo apresentou também ao vice-governador informações sobre o Parque Tecnológico da UFLA, cujas obras devem ser concluídas até o fim de agosto. “Mesmo diante das dificuldades financeiras do Estado, é necessário que apresentemos as possibilidades de projetos de investimento que podem alavancar o desenvolvimento regional. Solicitamos apoio à proposta, para que o Parque entre em operação de forma sustentável. De acordo com o reitor, Brant mostrou-se admirado com o projeto, especialmente pelo fato de a direção executiva da UFLA ter conseguido todos os recursos para a execução do Parque por meios próprios. Garantiu que uma equipe já começa a estudar a proposta e acredita que há possibilidades de viabilização das demandas.
Scolforo convidou o vice-governador para uma visita à UFLA, o que deve ocorrer ainda no fim do primeiro semestre de 2019.