UFLA sedia IV Fórum Sul-Mineiro de Conselhos Municipais de Igualdade Racial
A Universidade Federal de Lavras (UFLA) sediou, nos dias 27 e 28 de novembro, o IV Fórum Sul-Mineiro de Conselhos Municipais de Promoção da Igualdade Racial, reunindo representantes de diferentes municípios, pesquisadores, gestores públicos, lideranças comunitárias e estudantes em uma programação dedicada ao fortalecimento das políticas de igualdade racial no Sul de Minas. Integrando a Semana da Consciência Negra da Universidade, o encontro deste ano teve como tema “Educação, Representatividade e Justiça: lideranças negras traçando caminhos de equidade e resistência para superar o racismo e fortalecer laços ancestrais”, buscando ampliar debates e consolidar redes de cooperação entre conselhos municipais e instituições públicas.
A abertura do evento, realizada no Anfiteatro do Departamento de Agronomia (DAG), foi marcada por uma apresentação cultural do Projeto de Extensão Unijinga – Capoeira Meia Lua, coordenado pelo Mestre Luiz. A roda de capoeira trouxe cantos tradicionais que evocaram ancestralidade, resistência e espiritualidade negra, criando um ambiente simbólico de acolhimento e conexão com as raízes africanas. Os integrantes ressaltaram que o projeto oferece aulas gratuitas à comunidade universitária e à população de Lavras, reforçando o papel da cultura como instrumento de inclusão e democratização do acesso a saberes ancestrais.
Em seguida, foi composta a mesa de abertura, que reuniu o pró-reitor de Extensão, Esporte e Cultura, professor Carlos Eduardo Silva Volpato; o estudante Tiago Henrique da Silva, representante da comissão organizadora; representantes do Ministério da Igualdade Racial e da Diretoria Estadual de Promoção da Igualdade Racial; além de autoridades municipais, como o presidente do Compir Lavras, Rafael Castro, a prefeita Jussara Menicucci e a deputada estadual Andréia de Jesus. Em suas falas, as autoridades destacaram a importância da formação crítica da juventude, da valorização das políticas públicas voltadas à promoção da igualdade racial e do papel fundamental das universidades como espaços de transformação social.
Rafael Castro enfatizou a relevância de ampliar o alcance do fórum e de envolver estudantes e conselheiros de diferentes regiões, destacando a necessidade de circular o evento por outras cidades para fortalecer a representatividade dos conselhos municipais. A deputada Andréia de Jesus, uma das primeiras mulheres negras a ocupar cadeira na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, reforçou que a educação é o caminho central para superar desigualdades estruturais e que as instituições públicas têm papel essencial no combate ao racismo. Já a prefeita Jussara Menicucci ressaltou o compromisso do município com políticas inclusivas e recordou a importância histórica das lideranças negras e femininas na formação da cidade, valorizando a parceria com a UFLA para a construção de ações contínuas que promovam equidade.
Ao longo dos dois dias, o fórum desenvolveu uma programação extensa, que incluiu mesas-redondas, palestras e atividades culturais. Entre os temas discutidos estiveram representatividade de cientistas e pesquisadores negros na produção do conhecimento, desafios da juventude na implementação da Política Nacional de Educação para as Relações Étnico-Raciais, empreendedorismo negro, políticas institucionais para construção de cidades antirracistas, diplomacia e diálogos entre Brasil e países africanos, além do protagonismo das vozes negras na comunicação. A diversidade de temas e convidados reforçou o caráter multidisciplinar do evento e evidenciou a centralidade da pauta racial para diferentes áreas da sociedade.
Um dos momentos de destaque foi a participação, de forma remota, da rainha Diambi Kabatusuila, líder tradicional do Reino de Luba Bakwa Luntu, na República Democrática do Congo. Em sua fala, ela abordou conexões históricas e culturais da diáspora africana e a importância da cooperação internacional para fortalecer ações de empoderamento feminino, educação, sustentabilidade e preservação das identidades ancestrais.
O fórum reuniu ainda representantes de conselhos municipais de diversas cidades mineiras, que compartilharam desafios e experiências na implementação de políticas públicas de igualdade racial, reforçando a necessidade de ar
ticulação regional e troca contínua entre os conselhos. As discussões reforçaram a compreensão de que a luta antirracista é coletiva, exige fortalecimento institucional e depende da participação ativa da sociedade civil.
Para o professor Joaquim Paulo da Silva, coordenador da comissão organizadora, o evento reafirmou a UFLA como um espaço de diálogo e formação cidadã. Ele ressaltou que o fórum representa não apenas um encontro acadêmico, mas um movimento de construção de políticas públicas mais sólidas, participativas e alinhadas às demandas históricas das populações negras da região.
Encerrando dois dias de intensos debates, o IV Fórum Sul-Mineiro consolidou-se como um espaço de troca, resistência e produção de conhecimento comprometido com a justiça social.
Fotos: José Vitor Machado


