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Documentários

Não Visíveis e Laboratório Social: documentários celebram histórias de resistência e memória

Escrito por Cibele Aguiar | Publicado: Quarta, 26 Novembro 2025 14:55 | Última Atualização: Segunda, 01 Dezembro 2025 15:45
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No mês da Consciência Negra, a Casa da Cultura de Lavras sediou a apresentação pública de dois documentários dirigidos por mulheres com trajetórias que incluem a Universidade Federal de Lavras (UFLA). O documentário “Não Visíveis”, dirigido, roteirizado e produzido pela jornalista e ex-aluna da UFLA, Greicielle Santos, e o documentário “Laboratório Social”, dirigido por Rayane Carvalho, estudante de Pedagogia. Além da exibição dos filmes, o evento foi marcado por um diálogo sobre presença, memória, pertencimento e o direito de existir em uma sociedade que, muitas vezes, escolhe não enxergar.

WhatsApp Image 2025 11 26 at 14.51.39Realizado por meio da Lei Paulo Gustavo, com apoio da Prefeitura Municipal de Lavras, Não Visíveis reflete sobre trajetórias de moradores da cidade: senhor Djair, dona Lázara, Ana Clara e os irmãos Fabiana e Fabrício, que compartilham vivências marcadas pela luta, pela resiliência e pela esperança. Histórias que, segundo a diretora, não precisavam de alguém que lhes “desse voz”, porque essas vozes já ecoam, potentes, pelos territórios que habitam; o incômodo que moveu o filme veio do fato de que, apesar dessa força, muitas dessas trajetórias e outras semelhantes seguem inviabilizadas. 

Em sua fala, Greicielle sintetiza essa inquietação: “Não Visíveis nasceu de um incômodo, não de dar voz, mas de reconhecer que há pessoas incríveis que não chegam à visibilidade que merecem. O filme é sobre enfrentar essa escolha de não enxergar. Registrar essas histórias é meu ato de resistência. Não Visíveis é um grito de existência: eu existo, nós existimos.”

Entre os protagonistas do documentário, três jovens trilham caminhos acadêmicos na UFLA. Na época das gravações, ingressar na universidade era apenas um sonho para Ana Clara Cruz, hoje estudante de Administração Pública, e Fabiana Jacó Silva, estudante de Química. Fabrício Henrique Jacó da Silva estava terminando a graduação em Educação Física e celebrava a aprovação no mestrado em Ciências da Saúde. Hoje, ele segue em dupla jornada, segue com o mestrado e iniciou o curso de Nutrição, todos os cursos na UFLA. Em suas falas, tanto no documentário, quanto no evento de sua apresentação, o reconhecimento do impacto transformador da educação e a celebração da diversidade que hoje começa a ser realidade na universidade. 

Mais do que chamar atenção para o olhar coletivo sobre segmentos tradicionalmente invisibilizados e histórias de resiliência, o documentário reafirma uma convicção: essas histórias não apenas merecem ser vistas, elas transformam quem as encontra. Com técnica e o olhar sensível, Greicielle provoca uma reflexão por meio do documentário: realmente são invisíveis ou será que a sociedade escolhe não enxergá-los?

Periferias como território de criação

O documentário “Laboratório Social”WhatsApp Image 2025 11 26 at 14.24.11, dirigido por Rayane Carvalho, estudante e gestora de Promoção da Igualdade Racial, nasceu como proposta de trabalho de conclusão do curso de Pedagogia. Mas ganhou, durante sua concepção, novas abordagens e o resultado foi um filme leve e ao mesmo tempo profundo, que retrata a  tradição da brincadeira de empinar pipas como momento de interação, convivência e aprendizado. Em uma narrativa poética e simbólica, Rayane volta a câmera para as periferias urbanas, acompanhando jovens e crianças passando a tradição de geração em geração. A brincadeira, muitas vezes romantizada ou subestimada, revela-se no filme como um espaço essencial de resiliência, criatividade e cultura. 

Além de revelar a potência criativa das periferias, Laboratório Social levanta uma reflexão sobre a infância como espaço de formação cultural e afetiva. Ao acompanhar os personagens nas ruas onde nasceram e cresceram, Rayane destaca como a brincadeira se transforma em um laboratório vivo, por meio se aprendem códigos de convivência, estratégias de cuidado, noções de território e laços comunitários. Segundo a diretora, é nesse cotidiano aparentemente simples que o filme encontra sua força: ao mostrar que, mesmo diante das dificuldades impostas pela desigualdade, há um saber periférico que se reinventa, se organiza e cria beleza a partir do que está ao alcance das mãos. O documentário também é apoiado pela Lei Paulo Gustavo. 

Roda de conversa

Após as exibições, o público participou de um bate-papo com as diretoras, com a mediação da vereadora Rose Oliveira e Cristiane Pederiva, documentarista e presidente da Associação VerdeCine. O encontro possibilitou o debate sobre processos criativos, desafios enfrentados por mulheres no audiovisual e a importância de narrativas que rompem silenciamentos históricos. O encontro também abriu espaço para refletir sobre representatividade, sobre a força dos territórios periféricos e sobre como a arte pode se tornar uma forma de afirmar existências que, tantas vezes, a sociedade tenta invisibilizar.

Clique abaixo, assista e apoie a produção cultural local 

Não Visíveis

Laboratório Social

 

 
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