UFLA promove discussão sobre autismo e uso medicinal da cannabis
O Centro Biotecnológico de Plantas Psicoativas da Universidade Federal de Lavras (UFLA) e representantes do Movimento Orgulho Autista Brasil (Moab) promoveram o evento “Cannabis Medicinal: Diálogo para Inclusão com Qualidade de Vida”, como parte das ações do programa UFLA Faz Extensão e do Abril Azul, mês dedicado à conscientização sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA). O encontro foi realizado na última quarta-feira (10/4) e reuniu familiares atípicos, pesquisadores, estudantes, profissionais da saúde e representantes políticos em um ciclo de palestras e debates abertos à comunidade.
A mesa de abertura contou com a presença de autoridades da UFLA, como o vice-reitor Jackson Antônio Barbosa, o pró-reitor de Extensão, Esporte e Cultura, Carlos Eduardo Silva Volpato, e o diretor do Instituto de Ciências Naturais (ICN), Thiago Alves Magalhães. Também estiveram presentes a coordenadora da Moab, Marciana Serpa; o vereador Aristides Silva Filho; o chefe do Departamento de Biologia, Renato Paiva; e a professora Vanessa Cristina Stein, coordenadora do Centro Biotecnológico de Plantas Psicoativas da UFLA.
Durante o encontro, a coordenadora do Centro Biotecnológico de Plantas Psicoativas da UFLA, o único do País com autorização da Anvisa e do CTN-Bio para o cultivo in vitro de cannabis e transformação genética para a produção de variedades com diferentes aplicações terapêuticas, professora Departamento de Biologia, Vanessa Cristina Stein, destacou a relevância da parceria entre o meio acadêmico e os familiares de pessoas com TEA. “A ideia do evento nasceu a partir da demanda de mães que desejavam ampliar o diálogo sobre autismo e tratamentos alternativos com base científica. Como elas sabiam do meu trabalho com cannabis, fizemos essa parceria para discutir o uso medicinal da planta no tratamento de diversas doenças, inclusive o autismo. A associação de pacientes tem papel fundamental, pois ajuda a enfrentar dificuldades como a falta de prescrição médica, o acesso restrito a profissionais habilitados e a burocracia para aquisição do produto. Além disso, em alguns casos, promove a produção artesanal de óleos, que pode ser indicada em situações específicas, embora não para todos os públicos, como crianças”, destacou.
Painéis Temáticos
O evento foi estruturado em cinco painéis temáticos. O primeiro, intitulado “Vozes do Autismo”, deu espaço para que familiares e estudantes compartilhassem suas experiências e histórias. Nos painéis seguintes, foram discutidas políticas públicas estaduais e municipais, com a participação do deputado estadual Cristiano Silveira e do vereador Aristides Silva Filho; abordagens médicas, com a psiquiatra Amabile Vaccari, do Hospital das Clínicas da UFMG; e estratégias de inclusão emocional, com os especialistas Odília Rodrigues, Lívia Moraes e Augusto Neves.
Entre os participantes, esteve Marciana Serpa Moreira, representante do Movimento Orgulho Autista Brasil (Moab), uma das maiores associações de autismo do país. “Sou irmã e mãe atípica, e hoje, minha filha, que é autista nível suporte 2, cursa Pedagogia na UFLA e isso me deixa emocionada, pois me recordo da luta e das dificuldades que enfrentamos para que ela alcançasse esse sonho. Ver minha filha onde está hoje é uma vitória, e quero dizer a outras mães atípicas que vale a pena lutar. Luta, fé e força que a gente vence”, compartilhou.
Quem também prestigiou o evento foi Gabriel Antônio do Nascimento, professor e vereador da cidade de Luminárias (MG). Ele destacou o valor da pauta do autismo, especialmente em regiões do interior. “Tenho alunos autistas e isso me motivou a estar aqui, em busca de mais conhecimento. Ouvir as mães, os profissionais e as vozes do autismo foi transformador. A pauta ainda é muito nova para muitas pessoas, principalmente em cidades pequenas como Luminárias. Seria muito interessante levar uma versão deste evento para lá. É essencial que mais pessoas tenham acesso a esse tipo de informação e diálogo.”
Confira as fotos do evento.