Ciência nos bares: festival Pint of Science faz "um brinde" ao conhecimento científico em Lavras
Esta semana foi marcada por “um brinde à ciência” em Lavras. De 7/10 a 9/10, uma equipe da Universidade Federal de Lavras (UFLA) promoveu o festival Pint of Science, movimentando bares da cidade com a presença de cientistas que falaram ao público sobre 11 diferentes temáticas. Cachaça, vinho, carros elétricos, peixes, cigarros eletrônicos, experiências sensoriais e outros assuntos frequentes no dia a dia estão permeados de ciência e ganharam a atenção do público durante o festival, que propõe uma abordagem lúdica, descontraída e informal para estimular o interesse das pessoas pelo conhecimento científico.
Atraída pela palestra “Fato ou fake: evitando as dores nas articulações”, Zilma Tristão Alves, de 81 anos, participou pela primeira vez do festival na terça-feira (8/10) e gostou do que assistiu. “A apresentação me ajudou bastante a compreender o que acontece comigo. Vi que o que me causa dor não é a maneira como eu durmo, ou como trabalho e faço as coisas. Isso ajuda a gente a entender melhor, a pensar o que posso fazer para melhorar. É um trabalho muito perfeito que estão fazendo”, concluiu.
O papel do evento para a aproximação entre a Universidade e as demais esferas da sociedade foi destacado pela avaliação da participante Alexandra Caponi, que assistiu à apresentação sobre experiências sensoriais. “Essa conexão fortalece ambos os lados e permite que o trabalho realizado na academia seja compartilhado de forma prática, ampliando nosso conhecimento. É um grande prazer estar aqui”. Para a professora Ana Carla Marques Pinheiro, que falou sobre experiências sensoriais no evento, a percepção foi semelhante. “A UFLA já participa há vários anos do festival. Essa é uma das iniciativas de popularização da ciência, então é uma grande satisfação estar aqui hoje”, resumiu a professora, que abordou o funcionamento dos cinco sentidos, a criação das memórias sensoriais afetivas e promoveu uma experiência prática entre os participantes por meio da degustação de chocolates.
Além de professores da UFLA na apresentação dos temas, o evento contou, pela primeira vez, com a parceria de profissionais do Centro Universitário Unilavras. De acordo com o coordenador do festival em Lavras, o professor do Instituto de Ciências Naturais (ICN/UFLA) José Alberto Casto Nogales, a ideia é ampliar o evento, incluindo toda a comunidade acadêmica do município. “Para o próximo ano, queremos estender ainda mais as conexões, e trazer outras instituições para esse movimento, de forma transformá-lo em uma grande ação da academia em prol da interação entre ciência e sociedade”, avalia.
O pró-reitor de Extensão, Esporte e Cultura (Proeec) da UFLA, professor Carlos Eduardo Silva Volpato, esteve na abertura das atividades e reforçou a relevância da iniciativa. “Os organizadores, professores e Nogales e Karen, estão de parabéns, trabalhando nesse evento já há algum tempo. É muito bacana testemunhar essa forma de compartilhar com a população não acadêmica a ciência por trás de tudo que consumimos. E há uma troca de saberes também entre áreas do conhecimento. Eu aprendi, nas palestras a que assisti, coisas que não sabia e são muito interessantes”. Já o pró-reitor de Pesquisa da UFLA, professor Luís Roberto Batista, participou pela segunda vez do evento como palestrante. "É uma oportunidade muito bacana, por ser um público diferente daquele que temos na academia, e, consequentemente, a forma de falar sobre as pesquisas também muda. Então, fico muito feliz de ter recebido esse convite e ter a oportunidade de divulgar as nossas pesquisas no ambiente diferente do ambiente acadêmico", cometou.
O festival é mundial. Foi criado em 2012 na Inglaterra e, desde 2015, vem sendo promovido no Brasil. Em 2024, a programação foi executada em maio, mas outubro ganhou uma rodada extra, para envolvimento das universidades que estavam em greve no período anterior, e das cidades afetadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul. Em Lavras, a coordenação do evento é feita pelos professores do ICN José Alberto Casto Nogales e Karen Luz Burgoa Rosso, com apoio da UFLA. Houve o envolvimento de diferentes departamentos da UFLA, incluindo os de Física, Química e Biologia, além do Programa de Pós-Graduação em Educação Científica e Ambiental, do Museu de História Natural e da Diretoria de Comunicação da UFLA, com atuação de docentes, discentes e técnicos administrativos da UFLA e da Unilavras.
"Consideramos que o Pint of Science 2024 em Lavras foi um sucesso, demonstrando que a ciência pode ser discutida de forma leve e acessível, permitindo ao público aprender enquanto aproveita momentos agradáveis nos bares e restaurantes da cidade. O evento reforçou o papel essencial da ciência na sociedade e destacou a importância de iniciativas que aproximem o conhecimento científico do cotidiano das pessoas", avalia o professor Nogales.
Temas abordados em Lavras na edição 2024
Os encontros neste ano foram realizados no restaurante Cactus, Borém Cafés Especiais e Ao Cervejeiro, que cederam o espaço e ofereçeram o suporte às atividades do evento. No primeiro dia, o público apreciou informações sobre o papel da música nas experiências sensoriais, sobre a valorização da cachaça por meio do conhecimento químico e tecnológico, e sobre o futuro dos carros elétricos e híbridos no Brasil.
Experiências sensoriais: como acontecem? - professora Ana Carla Marques Pinheiro (DCA/UFLA)
A ciência da cachaça brasileira - professora Maria das Graças Cardoso (DQI/UFLA)
No segundo dia, a programação alertou a população sobre os perigos dos cigarros eletrônicos, tanto os imediatos quanto os de longo prazo. Também se discutiu a importância de pesquisar e tratar adequadamente as dores que afetam tantas pessoas. A produção de vinhos em Minas Gerais foi abordada com imagens que mostraram as diferentes geografias e condições em que os micro-organismos atuam para criar os aromas e sabores únicos dos vinhos mineiros. Além disso, os avanços da física na compreensão da luz e dos sistemas complexos abriram debates sobre o papel da ciência na inovação tecnológica e nas reflexões sobre a filosofia da ciência.
O vinho mineiro - professor Luís Roberto Batista (DCA/UFLA)
Carros elétricos: inovação em movimento - professor Fábio Domingues de Jesus (DAT/UFLA)
Complexo ou complicado? professora Angélica Souza da Mata (DFI/UFLA)
Utilizando luz para entender o mundo - professor Jonas Henrique Osório (DFI/UFLA)
Fato ou fake: evitando as dores nas articulações - professora Luciana Lunkes (Unilavras)
Fato ou fake: cigarros eletrônicos - professora Natália Galvão Garcia (Unilavras)
O terceiro e último dia trouxe à tona a discussão sobre os milhares de micro-organismos que afetam a saúde e como eles desempenham um papel fundamental no bem-estar das pessoas. O evento também abordou o conhecimento científico sobre a migração de peixes e sua importância para as medidas de conservação ambiental. A noite encerrou-se com uma palestra sobre a ciência por trás da degustação e harmonização de bebidas.
Degustação e harmonização de bebidas - professora Larissa Fassio (Unilavras)
Do surubim ao dourado: peixes migradores de Minas - professor Paulo dos Santos Pompeu (DBI/UFLA)
Saúde alimentar e os microrganismos - professora Roberta Hilsdorf Piccoli (DCA/UFLA)