Evento na UFLA debate os desafios e avanços científicos no tratamento das doenças negligenciadas
“As doenças tropicais negligenciadas afetam as pessoas mais pobres e vulneráveis, perpetuando ciclos de pobreza”. Essa é uma afirmação do diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom, enviada aos participantes do V Simpósio Brasileiro de Doenças Negligenciadas (SBDN) e do I World Symposium on Neglected Diseases (I WSND), realizado na Universidade Federal de Lavras (UFLA), de 21 a 25/5.
Um consenso entre os palestrantes e representações presentes no evento foi justamente o impacto da vulnerabilidade econômica e social no acometimento dessas doenças. A mensagem da cerimônia de abertura centrou-se na necessidade de conciliar a ciência médica ao perfil das pessoas que são portadoras dessas doenças, na maioria das vezes, um segmento negligenciado.
Para a presidente dos eventos, professora Joziana Barçante, é preciso que o debate científico inclua o conhecimento desse perfil, como vivem e quais as suas necessidades. Trata-se, portanto, de um desafio de múltiplos fatores, devendo ser a escuta dos portadores incluída como uma variável fundamental nos estudos. Além do debate científico, foi reforçada a importância da socialização do conhecimento, por meio do festival de ciência na praça e exposições para a popularização do tema na Universidade.
Como destaca Amélia Bispo, presidenta da Associação de Portadores da Doença de Chagas da Bahia e representante do Fórum de Doenças Tropicais Negligenciadas, é preciso que haja uma interação entre médicos, profissionais da saúde, líderes, pesquisadores e estudantes, para enfrentar o desafio de conter ou eliminar algumas dessas doenças nos próximos anos. Ela reforçou que uma das lutas dos portadores está na defesa de uma política pública que preveja a existência de salas de espera em todas as unidades de saúde, voltadas para a orientação dos doentes sobre o relato de suas condições e a busca pelo diagnóstico mais rápido e assertivo.
João Vitor Pacheco participou do evento como representante do Movimento Nacional das Doenças Negligenciadas e falou em nome de uma consciência coletiva. Ele destacou a necessidade de incentivar que os profissionais de saúde tenham mais sensibilidade para as doenças negligenciadas, passando a fazer parte da grade dos acadêmicos desde a formação na Universidade.
Presente na cerimônia de abertura, o reitor da UFLA, professor José Roberto Scolforo destacou a importância da medicina preventiva e a formação cidadã dos profissionais. “Na UFLA, desde os primeiros semestres, os estudantes vivenciam a realidade de atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS) e desejamos que sejam sensibilizados para tratar o próximo da maneira mais humana e inclusiva. Doenças historicamente negligenciadas pelo poder público precisam de um olhar humano no combate e no controle para garantir mais qualidade de vida para os doentes e portadores”, considerou.
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Festival de Ciência na Praça
No dia 22/5, a praça Augusto Silva, no centro de Lavras, tornou-se um grande laboratório com a realização do festival de ciência, como parte da programação do SBDN e WSND. Foram realizadas atividades e ações relacionadas às ciências biológicas e ciências da saúde, em especial, à zoologia, à conservação de espécies e às doenças negligenciadas.
Ao longo de todo o dia, as exposições de vetores e agentes causadores de doenças, de animais peçonhentos e de outros exemplares das coleções biológicas chamaram a atenção dos visitantes. Entre as amostras, parte da coleção do projeto Cidade dos Insetos, coordenado pela professora Brígida de Souza (Esal/UFLA); as coleções de insetos, vetores de doenças e arboviroses da Fiocruz Rio; Coleção de Flebotomíneos do Instituto René Rachou (Fiocruz Minas), coleções de animais peçonhentos e venenosos da Fundação Ezequiel Dias (Funed) e coleções didáticas do Instituto Butantan.
A apresentação dessas coleções objetivou levar informações para o reconhecimento de vetores de doenças e animais peçonhentos, além de proporcionar um momento de socialização e troca de conhecimento entre academia e sociedade.
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Sobre o evento
V SBND foi idealizado e é realizado na UFLA desde 2014, sob organização do Núcleo de Estudos em Parasitologia (NEP) e do Núcleo de Pesquisa Biomédica (Nupeb), ambos coordenados pela professora Joziana Barçante. Nesta edição, o evento contou com importantes parceiros nacionais e internacionais para realização de sua primeira edição mundial, o I WSND. Entre os apoiadores, o Instituto Butantan, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Organização Mundial da Saúde (OMS), Ministério da Saúde e Médicos sem Fronteiras. A organização dos eventos teve a parceria da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), do Instituto de Pesquisa René Rachou (Fiocruz), da Universidad Autónoma de Madrid, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e da Universidad Cooperativa de Colombia.
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