Começa o Pint of Science Lavras – evento de divulgação científica vai até quarta, 22/5
Ciência, cerveja, bate-papo e descontração: temas recentes e curiosos do mundo científico foram debatidos na primeira noite do Pint of Science. Em Lavras, a Universidade Federal de Lavras (UFLA) organizou nessa segunda-feira (20/5) atividades simultâneas em três estabelecimentos, levando a mais de 150 pessoas novos conhecimentos e a oportunidade de debater com pesquisadores sobre astronomia e astrobiologia, novas tecnologias para reabilitação humana e para pecuária, além de neurociência e inteligência artificial.
O coordenador do evento em Lavras e professor do Departamento de Física da UFLA (DFI) José Alberto Casto Nogales Vera deu as boas-vindas ao público e enfatizou a importância do evento em nível mundial. “O maior festival de divulgação científica do mundo inicia hoje em 24 países. Em 85 cidades do Brasil está sendo realizado um festival como este. Sendo de extrema importância, pois é a oportunidade que temos de sair da universidade para divulgar a ciência para a comunidade”.
Mensagens criptografadas vindas das estrelas
Mais que discutir sobre os temas, o evento tem possibilitado a interação do público com elementos e evidências científicas. No Uai Maki Temakeria e Bar, a discussão foi em torno dos mistérios que envolvem o universo. O pesquisador em Astrobiologia do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP) Gabriel Gonçalves explicou sobre meteoritos e trouxe uma coleção de rochas vindas do espaço para que os participantes pudessem ver e tocar.
A experiência foi o que mais chamou a atenção de Ivonilda Almeida e Lloyd Friedrich. O professor de inglês, que é americano e vive no Brasil há mais de 20 anos, reforçou a importância de se levar a ciência à cidade. “Qualquer tentativa de levar a ciência ao público é muito válida. Além da conversa, poder tocar, experimentar alguma coisa é empolgante e faz o assunto ficar na cabeça. Essa noite pude ver e tocar em uma pedra que existe desde antes da formação do sistema solar! Gostei da diversidade dos assuntos tratados e de poder escolher o que me pareceu mais interessante”, contou Lloyd.
O astrônomo da Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro, Naelton Mendes Araújo, falou sobre eclipses e contou a história sobre a observação do eclipse total do Sol na cidade de Sobral, no Ceará, experimento que há 101 anos contribuiu para a comprovação da teoria da Relatividade de Albert Einsten. Uma comitiva internacional de cientistas veio ao Brasil para captar em detalhes o fenômeno que marcou a história da ciência - pouco antes das 9h da manhã, o disco solar foi encoberto pela lua.
Naelton, que é mestre em Educação, Gestão e Difusão em Ciências, também ressaltou a importância de se mostrar que a ciência está além da Universidade. ““Vivemos um momento de muita contestação das evidências científicas. É importante que o cientista decodifique a ciência e encontre uma forma mais simples de explicar à comunidade, interaja com as crianças, seja fonte nos veículos de comunicação”, reforçou.
As máquinas podem pensar?
No Cactu's Bar e Restaurante foram realizadas palestras com os professores da UFLA Joaquim Quinteiro Uchôa e Bruno Del Biando Borges, com a temática: a neurociência, o cérebro e a Inteligência Artifical.
Joaquim Uchôa fez uma explanação sobre Inteligência Artificial, que iniciou enquanto ciência em 1956. Presente cada vez mais no nosso dia a dia, o professor destacou que a partir de 1980 a Inteligência Artificial passou a ser utilizada não mais como fim, mas sim como meio. Uchôa apresentou as suas aplicabilidades nos carros autônomos, no reconhecimento biométrico, na análise de mercado financeiro, na prevenção de fraude. E questionou os participantes se as máquinas devem pensar e até onde podemos chegar com a Inteligência Artificial.
Bruno Borges complementou a temática com uma apresentação sobre a neurociência e a interação cérebro-máquina. “Quanto mais estudamos mais percebemos que ainda sabemos pouco sobre o cérebro. Ainda há muito a se descobrir. Só de pensarmos que o único órgão que não conseguimos transplantar é o cérebro, já identificamos a sua importância. Tudo que pensamos, sentimos, nossa identidade e memórias, toda cultura, história e tecnologia é produzido graças ao funcionamento do cérebro humano”.
O professor destacou ainda os avanços da tecnologia com relação à interação cérebro-máquina, como o braço mecânico controlado pela força do pensamento e o robô controlado pelo cérebro que possibilita mobilidade às pessoas com paralisias, como o exoesqueleto que ajudou um jovem com deficiência a dar o primeiro chute na copa do mundo. E finalizou com uma frase de Miguel Nicolelis “O impossível é só o possível que alguém não se esforçou o bastante para que se tornasse realidade”.
Novas tecnologias para reabilitação humana e para pecuária
Saúde e pecuária. Duas áreas a princípio tão distintas foram discutidas na Casa da Thaís Restaurante e Choperia. “Nossa intenção, ao aproximar as duas áreas por meio das tecnologias computacionais, foi destacar que, apesar de distintas, ambas estão lidando com uma quantidade enorme de dados para solucionar desafios surgidos na sociedade”, explica a professora do Departamento de Física da UFLA e coordenadora do evento na UFLA, Karen Luz.
Acompanhado por sua equipe do Núcleo de Estudos em Bioengenharia Aplicada à Reabilitação Humana (Bearh), o professor Sandro Pereira da Silva, do Departamento de Engenharia da UFLA, apresentou tecnologias desenvolvidas para a reabilitação de pessoas com comprometimentos motores causados por acidente vascular cerebral, lesões medulares, amputações, dentre outros. Os participantes puderam conhecer tecnologias como o suporte de peso corporal, a mão biônica e o rim artificial implantável.
Já o professor do Departamento de Zootecnia da UFLA Marcio Lara abordou o uso das novas tecnologias na mecanização da pecuária, especialmente no manejo de pastagens. Soluções desenvolvidas por sua equipe na startup Smart Farm BR foram compartilhadas com o público, como o protótipo que calcula a produção de forragem e a quantidade de animais que podem consumi-la, disponibilizando essa informações no celular do produtor rural.
A busca de soluções para a mecanização da pecuária de corte foi o que atraiu para o evento a filha de pecuarista e estudante da ABI Engenharia da UFLA Amanda Munhoz. Mas foi a “inusitada” junção realizada no evento que lhe permitiu ver uma luz no fim do túnel. “As respostas de um engenheiro mecânico e de um zootecnista me permitiram vislumbrar algum futuro para as questões que têm me preocupado. Gostei dessa junção de áreas. Minha sugestão para a próxima edição do evento é investir ainda mais nesse modelo”.
Confira as fotos no Cactus Bar e Restaurante (por Camila Caetano)
Confira as fotos na UaiMaki Temakeria (por Samara Avelar)
Confira as fotos na Casa da Thaís Restaurante & Choperia (por Gláucia Mendes)
Sobre o Pint of Science em Lavras
A programação vai até quarta-feira (22/5), com debates simultâneos no Restaurante da Thaís, Uai Maki Temakeria e Bar e Cactu's Bar e Restaurante com início às 19h30.
Confira a programação completa
A professora do Departamento de Física e co-organizadora do evento Karen Burgoa complementa os avanços na divulgação científica em Lavras e agradece o envolvimento de professores estudantes e da população para a realização desta segunda edição.
As palestras estarão disponíveis em breve nos meios de comunicação da organização do evento.
Matéria com a colaboração de Camila Caetano e Gláucia Mendes