Museu Bi Moreira recebe estudantes de Lavras para a exposição em homenagem a Guimarães Rosa
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Oportunidade cultural em Lavras: um mergulho nas obras de Guimarães Rosa[/caption]
A exposição sobre Guimarães Rosa, no Museu Bi Moreira (MBM), no câmpus histórico da Universidade Federal de Lavras (UFLA), ainda está disponível para visitação em Lavras. Na última semana, alunos do 9º ano da Escola Municipal Álvaro Botelho puderam mergulhar nas obras do escritor e nas pinturas de Adriano Alves.
Além dos painéis que narram a biografia de Guimarães Rosa e destacam suas reflexões, os alunos tiveram a oportunidade de conhecer as diversas pinturas do artista plástico Adriano Alves, produzidas a partir de obras como Sagarana, Grande Sertão: Veredas, Primeiras Estórias, entre outras. Também se encantaram com uma projeção digital das paisagens imortalizadas pelo autor.
A aluna Franciene Silva Pereira, 15 anos, conta que esse foi o primeiro contato que teve com as obras de Guimarães Rosa. Para ela, a oportunidade de obter novos conhecimentos além da sala de aula é única. “Quando a gente pode visualizar, o aprendizado se torna mais interessante”.
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Um novo olhar sobre as obras[/caption]
A professora de História Maria José Pereira Moura compartilha da mesma ideia da aluna. Para ela, é de suma importância permitir que os alunos adquiram novos aprendizados de uma maneira diferenciada. “É fundamental eles verem a história no cotidiano”. A professora
de Língua Portuguesa e Artes, Suely Mendes, também trabalha com essa concepção. “Podemos fazer uma análise literária, biográfica e ainda apreciar as artes. Esse tipo de experiência é essencial para dialogarmos com o que trabalhamos em sala de aula”.
Oportunidade Cultural
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Estudantes apreciam as pinturas do artista plástico Adriano Alves[/caption]
A exposição “Um olhar para o Sertão” realizada pelo
Projeto Crea Cultural é itinerante e já percorreu outros três municípios. A organização das atividades em Lavras é de responsabilidade das coordenadorias de Cultura e de Museus e Patrimônio, ambas ligadas à Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec) da UFLA. Dando sequência ao percurso da exposição em Minas Gerais, já estão previstas mostras em Sete Lagoas, Itaúna, Alfenas e Morro da Garça.
A visitação pelo público pode ser feita de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 14h às 18h, com entrada franca. Para agendamento de grupos, o interessado deve entrar em contato pelo telefone (35) 3829-1205.
Sobre Guimarães Rosa
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Painéis narram a biografia de Guimarães Rosa[/caption]
O escritor pertence à terceira geração do modernismo, com fortes características regionalistas. Seus contos e romances, em sua maioria, têm como pano de fundo o Cerrado mineiro. Uma das marcas do escritor, e fator de sua inovação na literatura, é a utilização de uma linguagem fiel à popular. Em suas viagens, conversou com jagunços, coronéis, peões, prostitutas e beatas, sempre anotando as peculiaridades dessas conversas, incorporando-as em suas produções.
A experimentação marcou a escrita de Guimarães Rosa, com a recriação da linguagem e recorrência constante a neologismos. Renovou o romance brasileiro. O caráter de fábulas de suas histórias revela uma visão global da existência, fundindo tudo numa realidade em que estão presentes os planos geográfico, folclórico, social, econômico, político e psicológico, transmitidos pela sua arte de escritor.
Nascido em Cordisburgo, pequena cidade do interior de Minas Gerais que fica a cerca de 330 Km de Lavras, Guimarães Rosa deu início a seus escritos aos 38 anos, produzindo a uma obra que conquistou o respeito e a admiração do público. Era também médico e diplomata. Morreu em 1967, aos 59 anos, apenas três dias após assumir a cadeira na Academia Brasileira de Letras.
Obras
- Magma (poesias – 1936): não chegou a publicar.
- Sagarana (1946 – contos e novelas regionalistas): livro de estréia. A palavra sagarana é um dos neologismos de autoria de Guimarães Rosa.
- Corpo de Baile (1956 – novelas), obra atualmente publicada em três partes: Manuelzão e Miguilim; No Urubuquaquá, no Pinhém; Noites do Sertão.
- Grande Sertão: Veredas (1956), considerada a obra-prima do escritor e um dos melhores romances da literatura brasileira. Trata-se de um monólogo do início ao fim do livro.
- Primeiras estórias (1962)
- Tutameia – Terceiras estórias: causou furor no meio literário e dividiu a crítica, porém, fez grande sucesso com o público. Foi o último livro que Guimarães Rosa publicou em vida.
- Obras póstumas: Estas estórias (1969 – contos); Ave, palavra (1970 – diversos).
Sobre Adriano Alves, pintor das telas em exposição
Adriano Alves nasceu em São Paulo e mora há mais de 30 anos em Belo Horizonte. Desenhando desde os quatro anos de idade, resolveu trabalhar com arte apenas aos 24. Passou pelo teatro como ator e figurinista. Trabalhou também na criação de adereços para cenários. A inquietação para criar materializou-se na pintura de camisetas e logo foi transferida para telas e papéis, utilizando tinta acrílica. É ilustrador de capas de livros infantis e trabalhou com criação de projetos gráficos para diferentes artistas.
Com a proposta do Crea Cultural para que mergulhasse no mundo de Guimarães Rosa e representasse em tela a produção do escritor, viveu o desafio de sua primeira exposição. Na criação das 14 telas, priorizou cores e tons alegres. “Quando leio os textos de Guimarães, só consigo imaginar cada cena, cada passagem com cor, e o próprio autor descreve as cores”, escreveu Tiago.
Texto e fotos: Ana Eliza Alvim e Camila Caetano – jornalistas, ASCOM/UFLA