Expocafé 2008 debate “Café com Responsabilidade Ambiental”
“Fomentar o desenvolvimento da cafeicultura, priorizando a conservação do meio ambiente. Isto é responsabilidade ambiental.”
O tema adotado pela EXPOCAFÉ 2008 chama a atenção do produtor rural, cafeicultor, comunidade e administradores para a responsabilidade ambiental.
Ao longo dos últimos anos os fatores climáticos, a poluição das águas e do solo, as reservas mundiais de florestas, fauna e flora, o aumento do nível dos oceanos devido ao aquecimento global, os perigos que corre a vida e o futuro do nosso planeta, promovem ações de conscientização popular para as questões ambientais. “Maiores esforços globais e nacionais são necessários para a promoção de tecnologias compatíveis com a preservação do meio ambiente nos setores de energia, transportes, gestão da água e agricultura”, destacou o relatório da Força-tarefa sobre Sustentabilidade Ambiental, do Projeto Milênio das Nações Unidas, comissionado pelo Secretário-Geral da ONU em 2002.
Desenvolvimento sustentável tornou-se assunto obrigatório em debates sobre a qualidade de vida, biodiversidade, biomas e gerações futuras.
Uma das tendências cultivadas pela EXPOCAFÉ durante os onze anos de sua realização, tem sido a promoção de debates, oferecendo espaço para o diálogo entre produtores, autoridades políticas e ambientais, em busca de soluções e novidades tecnológicas e produtivas para suas lavouras e propriedades.
Este ano o assunto que deverá ocupar os congestionados estandes da feira, o tema central das discussões deverá ser “Café com Responsabilidade Ambiental”, estampado no material de divulgação elaborado em papel reciclado e na entrada da Fazenda Experimental da EPAMIG, no município de Três Pontas/MG, onde se realiza entre os dias 18, 19 e 20 deste mês.
Os motivos que levaram a maior feira nacional da cafeicultura a adotar esse tema, foram amplamente debatidos pela diretoria que defende a importância da EXPOCAFÉ na conscientização do cafeicultor, no manuseio de materiais químicos, orgânicos e equipamentos do seu cotidiano.
“Desenvolvimento sustentável é aquele que satisfaz as necessidades do presente, sem comprometer a capacidade das futuras gerações e suas próprias necessidades”, afirma o professor/doutor de Máquinas e Mecanização Agrícola e Diretor de Dinâmica de Máquinas da EXPOCAFÉ, Carlos Eduardo Silva Volpato.
Com esse conceito, o professor Volpato defende que cafeicultura sustentável é aquela que tem produção sem o comprometimento das produções futuras e do meio ambiente. “As alterações observadas na última década refletem a preocupação das comunidades internacionais com os limites do desenvolvimento do planeta, iniciadas na década de 60, com os riscos de degradação do meio ambiente, com a saúde do consumidor e o bem-estar dos produtores e trabalhadores rurais. Esse conceito refere-se, principalmente, às conseqüências do impacto das atividades econômicas sobre o meio ambiente, com relação á qualidade de vida e do bem-estar da sociedade, tanto presente quanto futura”, afirma o professor.
Resumindo o tema adotado pela diretoria da feira, o professor Volpato diz que a atividade econômica, o meio ambiente e o bem-estar da sociedade formam um “tripé” sobre o qual se apóia o conceito de desenvolvimento sustentável, assunto a ser amplamente abordado nos debates e durante os incontáveis cafezinhos consumidos na EXPOCAFÉ, que aguarda um público de 40 mil visitantes.
Escolha do tema
Responsabilidade ambiental na cafeicultura implica condições de produção, processamento e comércio que, com referência a todas as partes envolvidas na cadeia da oferta:
• proporcionem retorno econômico suficiente para cobrir os custos de produção e de vida, acrescidos de uma margem para o desenvolvimento;
• tratem o meio ambiente de maneira responsável, permitindo que os recursos naturais continuem disponíveis para as gerações futuras;
• assegurem condições sociais e de trabalho compatíveis com os padrões internacionais e conducentes à manutenção de comunidades estáveis.
Os desafios sociais, econômicos e ambientais enfrentados pelo setor cafeeiro resultam de longa história de desenvolvimento inadequado da infra-estrutura, deficiências sistêmicas na cadeia de abastecimento e imperfeições mercadológicas.
“Esses desafios persistem, mas há esperança de se alcançar maior sustentabilidade e estabilidade no setor, em função da tendência crescente de privilegiar a cadeia de abastecimento e relações de mercado mais transparentes, maior diferenciação no mercado e adoção intencional de ‘melhores práticas de produção’ em prol da sustentabilidade”, afirma Volpato.
Conforme o professor, o mercado de cafés especiais tem crescido em ritmo acelerado, gerando importantes oportunidades para a diversificação de produtos, em mercados de valor agregado mais elevado, com base em características específicas de qualidade.
“Enquanto o mercado do café para consumo geral ou ‘mercado de massa’ estagnou-se, o crescimento registrado no mercado de cafés especiais tem gerado oportunidades importantes para os agricultores”, complementa.
O mercado de “cafés sustentáveis” certificados tem crescido num ritmo ainda mais acelerado e muitos selos de sustentabilidade tiveram crescimento anual de mais de 20% nos últimos anos, conforme apurou o professor.
Os cafés certificados têm ampla aceitação no mercado, por conciliarem produtos de alta qualidade, produzidos por pequenos produtores, organizados em cooperativas, os quais recebem um maior valor pelos seus produtos, por vendê-los diretamente aos compradores internacionais. O certificado incorpora também o conceito de produção agrícola aliada à responsabilidade ambiental e pela utilização de técnicas agrícolas ambientalmente sustentáveis.