Seminário na Ufla discute redes organizacionais e dinâmica territorial
Redes Organizacionais e Dinâmica territorial: a importância do capital relacional é o tema do Seminário, que acontece na Universidade Federal de Lavras (Ufla), no dia 8 de maio, às 8h30 no Anfiteatro da Biblioteca Central.
A prelecionista professora Gláucia Maria Vasconcelos Valle, concluiu sua tese de doutorado na Ufla e recebeu “Menção Honrosa Melhor Tese, pela Capes”.
Sua pesquisa foi orientada pelo professor Robson Amâncio, do Departamento de Administração e Economia(DAE) e co-orientada pelo professor John Wilkinson (UFRRJ) com o título “Laços como ativos territoriais: análise das aglomerações produtivas na perspectiva do capital social”. Lavras: Ufla, 2006, 388 p. (Tese de Doutorado em Administração).
A tese apresenta um novo referencial analítico para avaliar algumas dimensões relevantes do fenômeno do desenvolvimento das aglomerações produtivas. É introduzido o conceito de Capital Social Relacional ou, simplesmente, Capital Relacional, que significa o conjunto de recursos inseridos nos laços e conexões, que vinculam os atores produtivos entre si e com o “resto do mundo”, condicionando a natureza dos empreendimentos que são capazes de implementar.
Este conceito foi possível a partir da união de duas distintas construções teóricas: por um lado, capital social e, por outro, redes sociais, onde se destacam as temáticas dos “laços fracos” e do enraizamento (embeddedness). Estas reflexões foram, em seguida, ampliadas, com o resgate crítico e a associação das literaturas sobre empreendedorismo, articulação de redes e inovação, que permitiram tecer considerações sobre o caráter dinâmico que pode revestir o capital social em um dado território.
Foram explicitadas três proposições básicas: i.) durante o processo de desenvolvimento de uma dada aglomeração produtiva ocorre um adensamento das relações locais entre os diferentes atores produtivos presentes na localidade, concomitantemente a uma ampliação e diversificação de suas conexões com o mundo exterior; ii.) a ação empreendedora dotada de inovação possui a capacidade de afetar a configuração das redes de relacionamento existentes em um dado território e, também, a natureza dos recursos aí enraizados; iii.) empresas funcionam como “plataformas” de relacionamentos, dotando seus membros de ativos relacionais específicos, úteis para a criação de novas empresas em setores afins.
Para demonstrar a utilidade prática da elaboração teórica e aferir a adequação das proposições acima, foi realizada uma pesquisa de campo, na aglomeração produtiva de móveis de Ubá, em Minas Gerais, Brasil. A interação entre os conceitos teóricos e esta pesquisa permitiu a elaboração de uma metodologia inovadora, que possibilitou a criação de um conjunto de indicadores, para a mensuração do fenômeno de interesse, em outras regiões. Os resultados obtidos demonstram a utilidade da proposta metodológica desenvolvida; a importância da construção teórica na elucidação de certas dimensões até então desconhecidas da dinâmica territorial; a necessidade de se incorporar, nas análises sobre competitividade empresarial e desenvolvimento regional, os ativos relacionais, ou seja, o estoque de capital social, ao lado de outros recursos produtivos convencionais, já amplamente considerados.