Brasil precisa de 350 mil professores com formação específica, afirma diretor do MEC
BRASÍLIA - Boa parte dos professores brasileiros da educação básica - 5ª a 8ª e Ensino Médio - não possui formação específica para ministrar as disciplinas exigidas no currículo escolar. Para atender à demanda seriam necessários aproximadamente 700 mil professores. Entretanto, o Brasil possui apenas 350 mil licenciados atuantes. O diagnóstico foi feito pelo diretor de Educação Básica da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, do Ministério da Educação (MEC), Dilvo Ristoff, que participou nesta segunda-feira do programa Notícias da Manhã, da Rádio Nacional. Segundo o professor, o país possui uma carência de 350 mil professores com formação específica já que várias pessoas que hoje estão em sala de aula não possuem licenciatura (grau exigido para professores).
As disciplinas que mais carecem de profissionais específicos são física e química. Ristoff afirmou que existem cerca de 1 milhão de professores contratados, mas que muitos deles não receberam, durante a graduação, formação para atuar em sala de aula. De acordo com Ristoff, o Brasil forma, anualmente, cerca de 1,8 mil profissionais em física. A carência, entretanto, é de 50 mil professores.
Ainda segundo o especialista, a evasão nas áreas de química e física acontece porque muitos profissionais formados, em vez de ficar na sala de aula, dão preferência por trabalhos nas indústrias farmacêutica e química. Em disciplinas como história, geografia e português, a defasagem é menor, porque nas últimas duas décadas, o número de profissionais licenciados aumentou. Para melhorar esse cenário, ele afirmou que é necessário planejamento a médio prazo. “Temos que ter planos agressivos, nós estamos raciocinando em termos de números de vagas em torno de 12 mil vagas/ano nos próximos dez anos”, disse Dilvo Ristoff, acrescentando que o ministério está atuando em três frentes para resolver o problema.
A primeira delas é o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), que vai aumentar a oferta de vagas para cursos de licenciatura. Ele também citou a Universidade Aberta do Brasil (UAB), que pretende estimular a articulação e integração de um sistema nacional de educação superior, e os Institutos Federais de Ensino Tecnológico (Infets), que devem iniciar cerca de 40 novos cursos de licenciatura nas áreas de química, física, matemática e biologia. Segundo Ristoff, 20 desses novos cursos devem ter início em agosto.