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Projeto Ecológico desenvolvido na Usina Hidrelétrica Peixe Angical garante conservação da flora regional

Publicado: Quinta, 12 Janeiro 2017 08:19 | Última Atualização: Quinta, 05 Janeiro 2017 13:30
[caption id="attachment_127090" align="aligncenter" width="612"] Levantamentos florísticos - bioma Cerrado - na área de abrangência da Usina Hidrelétrica Peixe Angical, localizada no Rio Tocantins[/caption] A Usina Hidrelétrica Peixe Angical, localizada no Rio Tocantins, entre os municípios de Peixe, São Salvador do Tocantins e Paranã, completou sua entrada em operação comercial em setembro de 2006. Dez anos depois, o professor Antônio Carlos da Silva Zanzini, do Departamento de Ciências Florestais da Universidade Federal de Lavras (UFLA), faz um resgate e avaliação do Projeto Flora – levantamento florístico do bioma Cerrado, produção e reflorestamento na área de aproveitamento da hidrelétrica. Um projeto ambiental de longa duração - 2004/2012, um dos 30 Programas Ambientais implementados pela UHE Peixe Angical. O Programa envolveu levantamentos florísticos, estudos fitossociológicos, resgate de germoplasma vegetal, implantação do viveiro de mudas de espécies arbóreas nativas, reflorestamento convencional, plano de recuperação de áreas degradadas e mapeamento de áreas de soltura de animais silvestres. Sob a coordenação do professor Zanzini, o projeto foi resultado de um processo de licitação pública do consorcio Enerpeixe/Furnas/EDP Brasil, empresa binacional concessionária de serviços públicos de energia elétrica, tendo como intermediárias as fundações de apoio da UFLA (Faepe, Fundecc e Coopeufla). O Projeto Flora Angical, como ficou conhecido, envolveu trabalhos com espécies arbóreas e orquidáceas do bioma Cerrado em um raio de 300 quilômetros no entorno da UHE Peixe Angical. [caption id="attachment_127091" align="alignleft" width="210"] Produção de mudas no viveiro construído pelo projeto - 200 mil mudas foram plantadas[/caption] Durante o estudo foram catalogadas 306 espécies arbóreas nativas dos tipos fisionômicos de vegetação: Mata Ciliar, Mata de Galeria, Cerrado stricto sensu, Cerradão e Vereda. Foram resgatadas aproximadamente 450 mil sementes provenientes de árvores matrizes selecionadas e mapeadas, pertencentes a mais de 50 espécies para a produção de mudas. No reflorestamento convencional, foram definidos 100 hectares de Áreas de Preservação Permanente, onde foram plantadas mais de 200 mil mudas de espécies arbóreas nativas do bioma Cerrado. Também foram implantados pomares de espécies frutíferas nos três municípios localizados na área de influência da Usina. Os pomares comunitários disponibilizam, em um mosaico rural de 30 hectares, árvores produtoras de frutas da região (mangueiras, cajueiros, coqueiros, buritizeiros e bananeiras, dentre outras), escolhidas pela população local, e também espécies novas, que passaram a fazer parte da nutrição local, como laranja variedade Pêra-lisa e tangerina. Também foi introduzido o Tamarindo, considerado pelas populações locais com propriedades nutricionais e funcionais semelhantes a uma fruta nativa da região, a Cagaita. Sobre a Hidrelétrica [caption id="attachment_127092" align="alignright" width="325"] A barragem tem seis quilômetros de comprimento e altura de 41,35 metros, com 294,1 quilômetros quadrados de área inundada[/caption] As três turbinas do complexo Peixe Angical totalizam uma potência instalada de 452 MW, suficiente para abastecer uma cidade com cerca de quatro milhões de habitantes, equivalente a duas vezes o consumo de Brasília. A energia produzida é transferida ao Sistema Elétrico Brasileiro, através da subestação de FURNAS em Gurupi (TO). A barragem tem seis quilômetros de comprimento e altura de 41,35 metros, com 294,1 quilômetros quadrados de área inundada. Ao todo, foram implantados 30 programas ambientais, pertinentes aos meios físico, biótico e socioeconômico. Segundo o professor Zanzini, o projeto visou minimizar os efeitos ambientais do empreendimento, garantindo o levantamento das espécies mais comuns na área que foi inundada e o posterior aproveitamento na área de reflorestamento. O projeto contribuiu para a formação de estudantes da UFLA e garantiu a troca de experiências que enriqueceram as disciplinas que o professor ministra: Conservação e Manejo da Fauna Silvestre e Análises Estatísticas de Riqueza e Diversidade Biológica. [caption id="attachment_127093" align="alignleft" width="164"] Professor Zanzini - o objetivo foi minimizar os efeitos ambientais do empreendimento, garantindo o levantamento das espécies e seu reflorestamento[/caption] Segundo o professor Zanzini, o Projeto Flora Angical visou minimizar parte dos impactos ambientais do empreendimento sobre as comunidades florestais, por meio do levantamento das espécies arbóreas de maior importância e o posterior aproveitamento nas áreas de reflorestamento convencional. O Projeto contribuiu para a geração de empregos na região, contratação de engenheiros florestais e biólogos, incluindo a formação extracurricular de estudantes da UFLA e da Universidade Federal do Tocantins. Além disso, possibilitou a aquisição de uma ampla variedade de equipamentos de alta complexidade para fins de aulas práticas. Também fomentou a integração Universidade-Empresa, cuja troca de informações enriqueceram as disciplinas que o professor ministra atualmente: Conservação e Manejo da Fauna Silvestre e Análises Estatísticas de Riqueza e Diversidade Biológica. Matriz energética De acordo com o do Ministério de Minas e Energia (MME), quando considerada a oferta de energia elétrica – subconjunto da matriz energética, as energias renováveis chegam em torno de 80% de participação, muito superior ao verificado no mundo, que é de 24%. A fonte hidráulica continua preponderante, respondendo por 66,2% da matriz. Em 2016, a capacidade de geração de energia elétrica instalada no País chegou a 149.928 MW. A geração eólica foi a que apresentou expansão mais expressiva, com crescimento de 43,2% entre novembro de 2015 e 2016. No mesmo período também houve expansão das fontes solar (8,4%), hidráulica (6,4%) e térmica (4%). O avanço das fontes renováveis vai à mesma direção do compromisso assumido pelo Brasil durante a COP 21, de elevar para ao menos 23% a fatia de energias renováveis (além da hídrica) na matriz elétrica até 2030. Novo projeto [caption id="attachment_127094" align="alignright" width="249"] Pontos de salvamento de Germoplasma na área do canteiro de obras do futuro reservatório da UHE São Manoel, localizada entre os municípios de Jacareacanga (PA) e Paranaíta (MT)[/caption] Os trabalhos desenvolvidos no estado do Tocantins conferiram ao professor Zanzini a experiência necessária para um novo desafio, o Programa de Monitoramento da Flora na Usina Hidrelétrica São Manoel, no rio Teles Pires, divisa dos estados do Mato Grosso e Pará, na Amazônia Meridional brasileira. O professor atua como coordenador-técnico do Programa, desde novembro de 2015. Nos estudos fitossociológicos, em 12 hectares amostrados, foram identificados e mensurados 4.208 indivíduos arbóreos, pertencentes a 347 espécies, 48 famílias botânicas e 165 gêneros. Nos trabalhos de seleção de matrizes foram selecionadas e mapeadas 850 árvores matrizes, pertencentes a 68 espécies botânicas. Nos trabalhos de resgate de germoplasma vegetal (sementes) foram resgatados 968.894 quilogramas de sementes pertencentes a 136 espécies arbóreas. Também foram tombadas no Herbário da Amazônia Meridional 592 exemplares pertencentes a 347 espécies botânicas. Foram  resgatadas e realocadas 19.527 orquidáceas, pertencentes a 134 espécies botânicas. Os relatórios técnicos gerados no período de duração do projeto no Tocantins podem ser consultados no site http://www.aczanzini.net        

 

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